domingo, 25 de março de 2012

COTAS - PAGAMENTO DA DÍVIDA SOCIAL BRASILEIRA

A adoção das chamadas ações afirmativas nas universidades brasileiras como critério para ingresso no ensino superior divide opiniões. Isso acontece porque há quem diga que discentes menos preparados são beneficiados simplesmente porque são negros, pardos indígenas ou que vêm de escola pública. Porém há pesquisas que confirmam: alunos que ingressaram no nível superior sendo os últimos classificados para a universidade, terminam o curso sendo os melhores da turma, quando não são os primeiros.

Os que são contra as cotas argumentam que todos são iguais. Portanto desnecessário um modo diferente de inclusão. IGUAIS? Numa sociedade que nasceu de forma tão desigual? Será que alguém se esqueceu do episódio trágico da escravidão? A dor e o sofrimento dos negros não foi um episódio isolado, os vestígios estão ai por toda parte. Ou será que alguém pode explicar-me por que 80% da população das favelas é negra, por que os grandes chefes executivos são, em sua maioria, brancos ou até mesmo por que o negro anos atrás não se ingressava na universidade? E agora dizem que o Brasil não precisa de cotas, que elas são anticonstitucionais. Anticonstitucional é o que fizeram com o pobre e preto e ainda continuam a fazer.

Historicamente o Brasil é um país miscigenado, e essa miscigenação fez com que algumas pessoas de pele preta ou classe pobre fossem excluídas. Observe entre os profissionais da área da medicina, quantos são negros? Mas agora que estão tentando reverter o quadro dantesco da dívida social brasileira, há quem diga que está errado. Um exemplo são as pessoas pobres que terminam um ensino médio defasado e não têm dinheiro para pagar um curso preparatório para ser aprovado no vestibular. Essa mesma pessoa deverá concorrer com alguém que teve excelentes docentes em sua preparação, tempo e estudos extra-escolares?
 
Em vista disso, o governo brasileiro tem que gastar menos com a corrupção e investir mais na educação. Escola com os mesmos recursos quer queira na zona rural ou urbana, na cidade pequena ou grande, para o pobre ou rico, que sejam iguais na base educacional para que daqui a alguns anos não precisemos mais das cotas; investindo no futuro como fez a Argentina em meados do século XIX, e, 50 anos depois a mesma deu um enorme salto nos indicadores sociais.

                                                                                Vilma de Sousa Silva, Jequié, 25 de março de 2012.

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